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Mais de 1,6 mil crianças foram registradas apenas com o nome da mãe nos últimos 5 anos em Santos, SP

Em 2024, 307 bebês foram registrados apenas com o nome da mãe na certidão de nascimento. Pés de bebê recém-nascido (imagem ilustrativa) Omar Lopez/ Unspl...

Mais de 1,6 mil crianças foram registradas apenas com o nome da mãe nos últimos 5 anos em Santos, SP
Mais de 1,6 mil crianças foram registradas apenas com o nome da mãe nos últimos 5 anos em Santos, SP (Foto: Reprodução)

Em 2024, 307 bebês foram registrados apenas com o nome da mãe na certidão de nascimento. Pés de bebê recém-nascido (imagem ilustrativa) Omar Lopez/ Unsplash Um levantamento realizado pelo g1, com base em dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), evidencia a realidade de milhares de mulheres que assumem sozinhas a maternidade. Desde 2020, mais de 1600 bebês foram registrados apenas com o nome materno na certidão de nascimento em Santos, no litoral de São Paulo. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Os dados dos cartórios de registro civil de Santos apontam que, em 2024, 307 recém-nascidos foram registrados apenas com o nome da mãe na certidão de nascimento. No entanto, esse número apresentou uma redução se comparado com 2023, quando foram 353 situações do tipo. A presidente do Arpen-SP, Karine Boselli, explicou que a sociedade mudou bastante e que atualmente existem diversas configurações familiares, com questões de reprodução assistida e inseminação artificial - possibilitando a maternidade solo. "Também [há] uma maior facilidade para que, nos casos concretos, o reconhecimento de paternidade seja feito de forma rápida e simples em cartório, sem a necessidade de procedimento judicial", disse Karine. Até maio deste ano, já foram mais de 70 recém-nascidos registrados apenas com o nome materno (confira o gráfico abaixo). De acordo com o Arpen-SP, os paulistas lideram o número de registros no país sem informações paternas, com mais de 146 mil casos nos últimos cinco anos, seguidos pela Bahia (69.814), Rio de Janeiro (66.916), Minas Gerais (61.467) e Pará (55.233). Números na região Santos registra a maior quantidade de recém-nascidos sem o nome paterno desde 2020, sendo 1674 casos. Outros municípios com números expressivos foram Praia Grande, com 1525, São Vicente, com 1411, e Guarujá, com 1349. O menor índice foi registrado em Mongaguá, com 304. Crianças registradas apenas com o nome da mãe Maternidade solo O psicólogo e professor universitário Paulo Muniz explicou que na maternidade solo existem algumas possibilidades, como o desejo da mãe, ou seja, uma opção da mulher em criar o filho sozinha. "Mas a gente pode ter a maternidade solo como a recusa ou a incapacidade por motivo A, B ou C do pai estar presente e acompanhar essa jornada tão difícil e complexa", disse. A maternidade, de uma maneira geral, é uma experiência, em vários aspectos, solo para a mãe. "Desde a concepção à geração, portanto, essa experiência é só da mãe. A experiência de carregar no ventre uma criança ou mais do que uma, é uma experiência solo biologicamente falando", explicou o profissional. Segundo ele, a gestação em si traz um peso maior para a mãe. "A maternidade é uma jornada muito dura às mães. A grande maioria não consegue ter uma preparação para isso, estando sozinhas ou não". A maternidade solo por desejo próprio ela vai requerer uma necessidade de apoio maior. "Uma coisa é a capacidade das mulheres serem mães, isso já está também na natureza humana, mas é também uma condição de uma experiência social que requer apoio e formação para isso", disse. Paulo acrescentou que a maternidade é uma jornada solo porque a mulher se sente sozinha e muita coisa pode recair sobre ela. "O desafio da maternidade solo vai carregar consigo, não só todos os que a maternidade já traz mesmo que a mãe tenha um companheiro, uma família, mas vai trazer um desafio muito maior que é justamente dar conta sozinha dessa jornada tão bela e bonita", finalizou. VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos